domingo, 7 de março de 2010

... malas feitas

Esse tão esperado dia 2 de Fevereiro tardava em chegar ao fim... Por um lado, tão longo e rico em emoções, e por outro, tão curto e repleto de imprevistos, que parecia não haver tempo para os preparativos de última hora, bem típicos de um bom português.
Trata-se, afinal, do dia que que antecedia a tão aguardada viagem, há anos sonhada... Um misto de emoções vinham arrastando-se desde o último fim de semana, com as despedidas de avós, tios, primos, e alguns amigos mais próximos. Faltava agora, despedir-me dos meus pais e da minha irmã predileta, a minha Mariana.
Não foi fácil, como podem imaginar. Foi muito o choro, e longos os abraços, acompanhados de conselhos e recomendações - muito cuidado com o desconhecido - ou não tivesse esta viagem o seu "quê" de aventura, rumo a um novo mundo...
Enquanto a minha irmã fazia manhã na clínica, eu colocava as últimas roupas nas duas malas, juntamente com algumas garrafinhas de vinho e azeite, do melhor que se pode guardar para mais tarde matar saudades...
Eram essas mesmas saudades que os meus pais já sentiam, mesmo antes de eu dar um último "até breve". O meu pai não parava de passear pela casa passando várias vezes pelo meu quarto, mas sem demorar muito, procurando evitar uma ou outra lágrima. Já a minha mãe, que adora viajar e fazer malas, só apareceu no meu quarto para se certificar que estava tudo pronto.
Senti perfeitamente que, embora deseje sempre a minha felicidade, não foi capaz de ajudar-me a arrumar as últimas coisas. Entrou, abraçou-me, e já com os olhos em água, pediu-me desculpa por não ter colaborado. Olhou em volta o quarto, e deu-me alguns conselhos finais. Na verdade aquele momento seria já o início da nossa despedida, uma vez que a minha mãe não iria até ao aeroporto.
Com tudo pronto, aguardávamos a Mariana para um último almoço em família... Entre ruídos de pratos e copos, garfos e facas, reinava o silêncio. Todos tentavam encontrar assunto para quebrar aquela tensão. E tudo piorava quando todos os três olhavam para mim, em simultâneo. Era realmente uma despedida sem igual. Afinal, ir para o Brasil não era o mesmo que ir até Inglaterra.
Almoçamos rápido demais?! Ou foi o tempo que voou? Só sei que a minha irmã já estava atrasada para voltar ao trabalho. Mal ela se levantou eu entendi que estava na sua hora. Abraçamos-nos por um momento, sem nos olharmos cara a cara... Aí, ela disparou a chorar, e soltando um último "tchau", saiu a correr. As minhas lágrimas também caíam sem parar, e senti-me impotente perante tal situação.
Esse clima continuou assim até eu colocar as malas no carro e dar o aquele abraço à minha mãe.

3 comentários:

Tatiana Moreira disse...

lol por acaso estava mesmo a começar a ler o teu relato de despedidas... de há um mês... bem, farás sempre falta cá a estas meninas que por aqui ficaram :)
só espero que estejas a gostar do Brasil xD que bem deve ser bom xD

Deixaste-meum pouco emocionada :S a Mariana deve ter ficado mesmo tristinha....assim como os teus pais...

manda-lhes beijinhos, a propósito xD

as leituras têm sido pouquinhas pela falta de tempo :( mas têm sido bos :D

bjinho e desejo-te as maiores felicidades deste mundo da tua sempre amiga,
Tatiana

Drika Torres disse...

Que emocionante deve ter sido a despedida dos seus pais e irmã, deixar o convivio do dia-a-dia com pessoas queridas é dolorosos, mas o pássaro tem que crescer e alçar seus vôos rumo ao seu destino... Desejo-lhe sorte e muitas felicidades!!!

bjs.

Dri Aveiro disse...

Ri, nossa... me emocionei agora lendo esse relato de despedidas.
Me trouxe agora a lembrança do meu amado e saudoso papai, qdo me contava como foi a despedida dele...
Deixar os seus, a terra, os amigos... precisou de coragem né???
Eu não sei se seria capaz...
Estou emocionada tb em ver como vc tem sensibilidade...
Encantada...
Bjs :) ... Adriana Aveiro