sábado, 7 de março de 2009

... polémico vieira

Nas comemorações dos 400anos do nascimento do ilustre "imperador da língua portuguesa", o tema é António Vieira e o futuro da lusofonia.
Assim como Camões e Fernando Pessoa, o Padre António Vieira é também um mentor incontornável da tão portuguesa aspiração ao todo e à universalidade.
Foi um homem do presente e, por isso, interveio nas questões do seu tempo. Mais do que isso, levantou, como se diria hoje, várias problemáticas na agenda politico-social da sua época.
A Índia desejada e o Paraíso perdido encontram-se depois de longas viagens, cruzando a linha equatorial com caravelas, quase naufragadas nas tempestades e na bonança do mar, na fome e nas doenças no sangue quase anémico dos marinheiros. Desesperados e desiludidos passam os dias, mas para chegar a terra prometida nenhum sofrimento e grande e nenhuma solidão tem fim.
Tantas eram as desgraças neste novo mundo, que a pergunta se este mundo era mais digno do riso ou de lágrimas tornou-se numa causa óbvia. Para o padre Vieira as lágrimas mais salgadas e ardentes eram as lágrimas da ignorância, da cobiça e da luxúria, que já inundaram toda a terra, uma chuva tropical, súbita e grossa, que vai e volta num círculo vicioso sobre serra e selva, até hoje.
A primeira e maior lágrima que abrange todas as lágrimas humanas é a lágrima da ignorância, que não é a lágrima pelos que não sabem, mas sim pela gente que não quer saber. Não e a lágrima pelos que querem e não podem, mas a lágrima pelos que podem muito e querem tudo para si.
Choram os ignorantes todos os dias? Não, eles só choram todos os 4 anos e lamentam e pedem e rasgam os joelhos nos tapetes orientais das mansões que ficam longe das favelas. Assim, a segunda lágrima é a primeira lágrima dentro da lágrima da ignorância, porque a cobiça nunca desapareceu destas florestas, nunca morreu na seca do sertão.
A terceira lágrima, uma das grandes lágrimas de Vieira, era a lágrima pela luxúria, que ocupou tanto o seu ofício na Ilha do Brasil, onde esta flor estranha tem tanta razão. Porque e impossível fugir da luxúria nos trópicos, onde a natureza inteira, as formas, cores, cheiros e movimentos invadem e dominam todos os sentidos e onde a maior felicidade é a celebração universal da luxúria, o Carnaval. Nesta Ilha, cercada de águas salgadas
...

(incompleto)

quinta-feira, 5 de março de 2009

... primeiras palavras de 2009

Completado um ano, um mês, e alguns dias, desde a criação deste blogue, e deparado com a ausência de palavras para o actualizar, nos últimos meses, vejo-me quase na obrigação de voltar a dedicar algum tempo a escrita que há mais de um ano se tornou minha companheira e confidente.
Muitos foram aqueles que se interessaram por alimenta-la ou provoca-la, com os seus comentários. Outros há que apenas gostaram de passar os olhos por algumas das suas palavras. A esses também agradeço as suas visitas, assim como continuo com o convite de continuarem por aí, acompanhando e comentando sempre que acharem interessante ou oportuno.

No início, estava eu naquele quartinho, em Harlesden/Londes com vontade de voltar à minha cidade natal, cansado do inverno rigoroso e da solidã0 britânica...
Agora, num apartamento à beira-mar, volto a este mesmo blogue, relembrando tudo o que passei, tudo o que fiz e que me fizeram, apenas as coisas boas... E as saudades são muitas - da cidade, dos amigos, até dos trabalhos e daquela rotina agitada...
Muita coisa aconteceu com este meu regresso a Portugal... Muitas mudanças em pouco tempo. Cheguei por momentos a arrepender-me de ter voltado. Mas agora, alimentado coragem de querer enfrentar mais alguns desafios, voltei a estudar, à noite, e estou a trabalhar durante o dia. É perto do mar que moro, e é nele que encontro a minha paz. Ainda que a temperatura não permita ir a banhos, só de o poder ver todos os dias já e maravilhoso... ... o suficiente para continuar a viver, com alegria e determinação