
Assim como Camões e Fernando Pessoa, o Padre António Vieira é também um mentor incontornável da tão portuguesa aspiração ao todo e à universalidade.
Foi um homem do presente e, por isso, interveio nas questões do seu tempo. Mais do que isso, levantou, como se diria hoje, várias problemáticas na agenda politico-social da sua época.
A Índia desejada e o Paraíso perdido encontram-se depois de longas viagens, cruzando a linha equatorial com caravelas, quase naufragadas nas tempestades e na bonança do mar, na fome e nas doenças no sangue quase anémico dos marinheiros. Desesperados e desiludidos passam os dias, mas para chegar a terra prometida nenhum sofrimento e grande e nenhuma solidão tem fim.
Tantas eram as desgraças neste novo mundo, que a pergunta se este mundo era mais digno do riso ou de lágrimas tornou-se numa causa óbvia. Para o padre Vieira as lágrimas mais salgadas e ardentes eram as lágrimas da ignorância, da cobiça e da luxúria, que já inundaram toda a terra, uma chuva tropical, súbita e grossa, que vai e volta num círculo vicioso sobre serra e selva, até hoje.
A primeira e maior lágrima que abrange todas as lágrimas humanas é a lágrima da ignorância, que não é a lágrima pelos que não sabem, mas sim pela gente que não quer saber. Não e a lágrima pelos que querem e não podem, mas a lágrima pelos que podem muito e querem tudo para si.
Choram os ignorantes todos os dias? Não, eles só choram todos os 4 anos e lamentam e pedem e rasgam os joelhos nos tapetes orientais das mansões que ficam longe das favelas. Assim, a segunda lágrima é a primeira lágrima dentro da lágrima da ignorância, porque a cobiça nunca desapareceu destas florestas, nunca morreu na seca do sertão.
A terceira lágrima, uma das grandes lágrimas de Vieira, era a lágrima pela luxúria, que ocupou tanto o seu ofício na Ilha do Brasil, onde esta flor estranha tem tanta razão. Porque e impossível fugir da luxúria nos trópicos, onde a natureza inteira, as formas, cores, cheiros e movimentos invadem e dominam todos os sentidos e onde a maior felicidade é a celebração universal da luxúria, o Carnaval. Nesta Ilha, cercada de águas salgadas
...
(incompleto)
Foi um homem do presente e, por isso, interveio nas questões do seu tempo. Mais do que isso, levantou, como se diria hoje, várias problemáticas na agenda politico-social da sua época.
A Índia desejada e o Paraíso perdido encontram-se depois de longas viagens, cruzando a linha equatorial com caravelas, quase naufragadas nas tempestades e na bonança do mar, na fome e nas doenças no sangue quase anémico dos marinheiros. Desesperados e desiludidos passam os dias, mas para chegar a terra prometida nenhum sofrimento e grande e nenhuma solidão tem fim.
Tantas eram as desgraças neste novo mundo, que a pergunta se este mundo era mais digno do riso ou de lágrimas tornou-se numa causa óbvia. Para o padre Vieira as lágrimas mais salgadas e ardentes eram as lágrimas da ignorância, da cobiça e da luxúria, que já inundaram toda a terra, uma chuva tropical, súbita e grossa, que vai e volta num círculo vicioso sobre serra e selva, até hoje.
A primeira e maior lágrima que abrange todas as lágrimas humanas é a lágrima da ignorância, que não é a lágrima pelos que não sabem, mas sim pela gente que não quer saber. Não e a lágrima pelos que querem e não podem, mas a lágrima pelos que podem muito e querem tudo para si.
Choram os ignorantes todos os dias? Não, eles só choram todos os 4 anos e lamentam e pedem e rasgam os joelhos nos tapetes orientais das mansões que ficam longe das favelas. Assim, a segunda lágrima é a primeira lágrima dentro da lágrima da ignorância, porque a cobiça nunca desapareceu destas florestas, nunca morreu na seca do sertão.
A terceira lágrima, uma das grandes lágrimas de Vieira, era a lágrima pela luxúria, que ocupou tanto o seu ofício na Ilha do Brasil, onde esta flor estranha tem tanta razão. Porque e impossível fugir da luxúria nos trópicos, onde a natureza inteira, as formas, cores, cheiros e movimentos invadem e dominam todos os sentidos e onde a maior felicidade é a celebração universal da luxúria, o Carnaval. Nesta Ilha, cercada de águas salgadas
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